segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Estados Depressivos



E.Munch "Melancolia"

Os quadros clínicos depressivos, nas suas múltiplas formas e graus, são o maior motivo de procura de psicoterapia, assumindo uma predominância na motivação para a busca de tratamento. Os estados depressivos estão entre as primeiras causas incapacitantes para a vida activa, sendo que cinco dessas causas são psiquiátricas, a Depressão é a primeira delas. Em geral os médicos que não são psiquiatras, não diagnosticam correctamente a depressão, e os que o fazem adoptam um tratamento desadequado com benzodiazepinas, ou mais acertado com antidepressivos, mas em dosagens desadequadas. Os diversos estados depressivos estão aumentando, mas felizmente as pessoas cada vez procuram mais a ajuda psicoterapêutica e por vezes combinada (psiquiatria e psicoterapia), embora quando a primeira escolha é a psiquiatria, demore tempo a chegar à psicoterapia (a não ser que o psiquiatra seja também psicoterapeuta) pelo facto da maioria dos médicos dessa especialidade não valorizarem a psicoterapia, uma atitude errada, uma vez que induzem o consumo excessivo de medicamentos que só por si não resolvem a depressão, podendo criar verdadeiras dependências nas pessoas.
O aumento tão significativo do número de pessoas deprimidas, que procuram a psicoterapia e a psicanálise deve-se às mudanças sociais e à constante busca de um lugar ao sol, o que aumenta a sensação de fracasso pessoal, o que afecta bastante a auto-estima pessoal favorecendo a eclosão de quadros depressivos.
O número de “depressões subclinicas”, estados depressivos que não se manifestam de forma evidente, mas, sim, por meio de traços mais inaparentes, como por exemplo um estado de continuada apatia, hipocondria, transtornos alimentares, adicções várias, alcoolismo etc., são em número muito elevado, não chegando a maioria delas a qualquer tipo de tratamento por diagnósticos mal feitos e casos que não são encaminhados para despiste noutras especialidades de saúde mental.
Os tipos de depressões são vários bem como as causas que as desencadeiam. As causas podem ser psíquicas, ambientais, biológicas (demências e tumores cerebrais) e sobretudo relacionais tendo a sua génese na infância (depressão analítica ou de vazio, identificativas ao objecto, por perdas prematuras e traumáticas, por culpa, por ruptura com os papeis designados pelos pais, fracasso narcísico, pseudodepressões, por reactividade a acontecimentos de vida, por lutos patogénicos, por deficiente reconhecimento e sobretudo por falta de amor) e os sintomas são quase sempre idênticos em todos os tipos sendo que a culpa internalizada e a baixa auto-estima são o que distingue a depressão normal da depressão borderline ( sem culpa e sem baixa auto-estima) e de outros estados, tais como a tristeza normal que acompanha o ser humano em perdas significativas, tais como o luto normal em que a pessoa está triste mas não está deprimida. Qualquer das situações aqui mencionadas é passível de procura de ajuda psicoterapêutica sendo por vezes necessário fazer um tratamento combinado de psicoterapia e psiquiatria, dependendo da gravidade da depressão.

Fonte (Zimerman, D. 2004)