segunda-feira, 16 de julho de 2012

Depressão na infância e adolescência


Embora estejamos cada vez mais familiarizados com o tema da depressão, raramente ouvimos falar de crianças deprimidas. Mas isso não significa que esses casos não existam.
Estima-se que esta perturbação atinja 4 a 8% das crianças e sabe-se que esta incidência tende a subir na adolescência.

A depressão infantil ocorre, em 20% dos casos, em crianças na faixa etária entre 9 e 17 anos, e é causada geralmente, por dificuldades de relacionamentos com a própria família, na escola ou em outros locais que frequentam.

Mas o número mais alarmante diz respeito ao facto de esta ser uma realidade que tende a passar despercebida aos olhos de 70% dos pais.

“Como é que isso é possível?”. Apesar de algumas crianças manifestarem a sua depressão através dos sintomas clássicos (tristeza, pessimismo, ansiedade, etc.), a maioria fá-lo de forma atípica, o que dificulta o diagnóstico.

Assim, na maior parte dos casos, as alterações mais visíveis tendem a confundir-se com rebeldia: irritabilidade, agressividade, hiperatividade e/ou diminuição do rendimento escolar.
Esta manifestação atípica impede muitos pais de perceberem a origem dos problemas e, assim, darem uma resposta eficaz.
O grito de alerta tende a surgir aquando do aparecimento de alterações menos expectáveis, como o medo da morte (conversas recorrentes sobre o tema), sentimentos de culpa e de inutilidade e retrocessos, como a encoprese ou a enurese (defecar ou urinar na roupa ou na cama).
É necessário que nos consciencializemos de que a depressão infantil existe e pode ser grave! Infelizmente, nem todas as crianças são felizes e despreocupadas!

Tentando clarificar melhor os Sintomas que podem servir de alerta aos pais…
A depressão manifesta-se consoante a idade da criança.
Primeira Infância (0 a 2 anos): a depressão nos bebés manifesta-se por, uma recusa acentuada da criança em alimentar-se; um atraso no crescimento, no desenvolvimento psicomotor, da linguagem; perturbação do sono e afecções somáticas (A criança que está muitas vezes doente, faz febres, gripes, viroses com muita frequência!)
Idade pré-escolar (2 a 6 anos): nesta fase a perturbação depressiva, manifesta-se mais por distúrbios de humor (grandes birras, ou grande euforia momentânea substituída rapidamente por grande tristeza e apatia) distúrbio vegetativo (em que a criança não sabe nem gosta de brincar, isola-se muito e fica muito parada no seu canto. Não se interessa por nada).
Nesta fase pode ainda verificar-se comportamentos regressivos a todos os níveis, nomeadamente a nível esfincteriano (podem voltar a fazer cocó e chichi nas cuecas ou na cama), motor e de linguagem.

Idade Escolar (6 a 12 anos): Entre os seis e os oito anos, o quadro depressivo caracteriza-se por tristeza prolongada, ansiedade de separação (a criança que não quer deixar a mãe para ir para a escola) e sintomas psicossomáticos ( dores de cabeça, dores de barriga, diarreias, febres) .
As crianças com mais de oito anos, expressam os seus sentimentos depressivos através de baixa autoestima, ideias auto- depreciatórias, sintomas psicossomáticos, baixa de energia, desinteresse e desespero.
A depressão manifesta-se muitas vezes através das dificuldades escolares, ao nível da ansiedade, do desinteresse, das dificuldades da concentração intelectual e dos problemas de comportamento, para além dos problemas alimentares e de sono. Podem também surgir queixas psicossomáticas. Pode ainda verificar-se um aumento da agressividade, grande irritabilidade, com envolvimento da criança em conflitos com os pares.
Um outro sintoma que pode ocultar também uma depressão é a “hiperatividade”, as crianças muito irrequietas, que não conseguem manter um mínimo de atenção nem de concentração.
Prevenção
Em vez de prevenção, podia estar escrito amor.
Os pais são os melhores atores na prevenção da depressão infantil, dando-lhes o seu amor e carinho, bem como compreensão e amparo e transmissão de confiança.
Tratamento
Como podem os pais ajudar….
Numa primeira fase, o papel dos pais passa por tentar perceber e empatizar com as dificuldades da criança, mesmo que estas pareçam insignificantes. Por exemplo, a mudança de casa ou de escola acarreta mais medos e angústias do que os adultos possam imaginar. Deve existir um ambiente de confiança, propício a que a criança se sinta à vontade para explorar as suas dificuldades. Os pais devem incentivar a criança a falar e entender os seus receios.

Quando recorrer ao psicólogo…

É pois importante que os pais estejam atentos às ALTERAÇÕES REPENTINAS do comportamento e do humor dos filhos.
Se estas alterações se prolongarem por mais de duas semanas, sem que haja uma causa é necessario consultar um psicoterapeuta. 

domingo, 25 de março de 2012

Psicopedagogia

Não é fácil educar, certeza que quase todos os pais têm. Há crianças fáceis que dão pouco trabalho, mas há outras que deixam os pais desesperados, logo desde que nascem. É comum os pais dizerem que o outro filho não lhe deu trabalho. Pois bem, apesar de poderem existir vários irmãos filhos dos mesmos pais, eles são pessoas diferentes, logo reagem de diferentes modos  requerendo outras formas de educação.
Não há pais perfeitos, nem educação ideal, mas há erros que podem ser evitados. O carinho e as regras são fundamentais na educação de todas as crianças. Muitas vezes pais culpabilizados pelo pouco tempo que passam com os filhos substituem o afecto por brinquedos caros. As crianças devem ser incentivadas a viver para o ser e não para o ter. Uma educação pautada por regras firmes mas justas e impostas com afecto é a garantia de estar a construir um ser humano saudável. Tudo isto utilizando a pedagogia do bom senso.
Alguns erros a evitar:
Compensar as ausências com presentes – O que conta é a qualidade do tempo que os pais passam com o filho. Vale mais uma hora diária (embora seja pouco) em que esteja totalmente com o seu filho do que um dia inteiro em que estejam juntos em casa mas a criança está entregue a si própria e à televisão ou computador. A tendência dos pais é fazerem-se substituir pelos presentes logo a criança passa a medir o afecto pelos presentes que recebe. 

Querer ser amigo em vez de pai ou mãe – os pais não são os melhores amigos dos filhos, esses estão lá fora. Há pais que acreditam que as crianças vão gostar mais deles se tiverem um comportamento de amigo em vez de pai. Nada mais errado. As crianças querem pais que sejam pais, que contenham, que estabeleçam limites. Ser amigo do filho vai levar a que a criança relativize as regras e os conselhos e fique confusa. Pais são pais, não são amigos.

Quebrar as regras impostas – as regras tem que ser explicadas e ser justas para que sejam eficazes. Uma regra aplicada de forma injusta e com autoritarismo é uma regra que deseduca. Dizer não é uma necessidade em educação. Muitas vezes os pais têm medo de dizer não. Se proibiu o seu filho de ver televisão durante um tempo não quebre a regra, o seu filho irá julgar que pode quebrar as regras. A nível social poderá trazer-lhe problemas um dia mais tarde. 

Fazer comparações entre filhos ou com outras crianças – é importante aceitar que as crianças têm ritmos diferentes e tempos de aprendizagem diferentes. Comparar com outro filho dizendo que o outro é ou foi melhor aluno, que o colega é mais inteligente porque tem melhores notas, cria sentimentos de frustração enormes. Deve aceitar o seu filho como ele é sem fazer comparações com os outros. Isso não impede que o incentive a ser uma pessoa melhor e mais bem preparada para a vida. Sem cair em exageros claro.

Fazer pelos filhos em vez de ensinar a fazer – as crianças precisam de experimentar a fazer as coisas. Aprende-se praticando. Errar e voltar a tentar é a única forma de aprender. Por vezes os pais não deixam os filhos falhar e fazem as tarefas por eles. O seu filho tem seis anos e quer tomar banho sozinho? Ainda bem, está a manifestar a sua autonomia e por isso deve ser incentivado.

Impor a perfeição aos filhos – nenhum filho é perfeito. Impor a perfeição sob pena da retirada do afecto ou de castigos é algo que cria um sentimento enorme de inferioridade. Um pai que nunca está satisfeito com as notas do filho (mesmo que o filho tenha tido 92% numa prova) é criar um sentimento de imperfeição e subir os parâmetros para níveis que levam sempre a uma grande insatisfação. Se o seu filho é um aluno médio ajude-o a aproveitar melhor as suas capacidades mas em exigir o impossível.
   
Proteger demasiado – Proteger demasiado uma criança para que não passe por frustrações medos ou fracasso poderá levar ao bloqueio da criança. Deixe-o experimentar e falhar. Ajude-o a lidar com as adversidades da vida e a defender-se. Proteger demasiado inibe a agressividade necessária à sobrevivência. 

Mostrar as próprias fragilidades à criança – mostrar as preocupações às crianças vai levar a um sentimento de insegurança enorme. Os filhos esperam pais fortes e capazes de os proteger. Mostrar uma imagem de pai ou mãe desvalorizado e pouco competente pode levar a criança a criar sentimentos de culpa. Poderá falar de alguns problemas mas sem sobrecarregar com moralismos ou culpabilidade. 

Desautorizar o pai ou a mãe em frente à criança – quando os pais se desautorizam estão a desvalorizar-se perante a criança. A criança deixa de respeitar ambos os pais. Mesmo que não concordem devem falar em privado e chegar a um consenso. As crianças aprendem a manipular os pais que não estão em sintonia. 

Não conversar com os filhos – para que a criança crie confiança é necessário que a comunicação seja aberta na família. Nunca deixe de responder às questões do seu filho e mantenha o canal de comunicação aberto para que ele recorra sempre que precise. 

Brincar com a criança – há pais que não brincam com os filhos, ou deixam de brincar cedo demais por acharem que isso infantiliza a criança. Brincar com os pais fortalece os laços entre pais e filhos e ensina o verdadeiro valor do afecto: a criança sente-se amada e apoiada. Programar brincadeiras e actividades em família é das coisas mais proveitosas que pode fazer pelo futuro do seu filho. 

Deixar a educação para a escola – na escola não se educa, espera-se que as crianças tragam educação de casa. A educação tem que ser feita pelos pais. A função do professor é ensinar. Os problemas de disciplina estão a aumentar pela demissão dos pais da educação dos filhos. Responsabilize o seu filho pelo seu comportamento na escola e não lhe permita faltas de respeito com os professores. Deixe isso bem claro. Exija do professor que ensine, não que ensine valores morais e de conduta, embora também o possa fazer. Se os pais não cumprirem o papel de educadores, o professor vai ter dificuldade em ensinar por ter que por limites e regras que já deveriam estar adquiridos.  

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A ansiedade na criança e no lactente

A emergência ansiosa constitui para a criança, assim como para o adulto, a porta de entrada para a maioria dos comportamentos psicopatológicos. A ansiedade de separação, dita desenvolvimental, uma vez que quase todas as crianças a manifestam sempre que existe um afastamento da mãe (transição para a pré-escola, infantário) é muita vez confundida com a angústia de separação, dita patológica e, na verdade são duas coisas diferentes. 

A ansiedade é um afecto penoso associado a uma atitude de espera de um acontecimento imprevisto mas vivido como desagradável.

A angústia é uma sensação de extremo mal-estar acompanhada de manifestações somáticas (dores de barriga, vómitos, dores de cabeça, dificuldades em dormir) e nos bebés traduz-se por noites agitadas com choro intenso ou intermitente, dificuldade em aninhar-se no colo materno, recusa do alimento e doenças físicas frequentes. 

O medo (ligado à ansiedade e à angústia) traduz-se por uma emoção de extrema ansiedade e angustia normalmente associado a um objecto ou situação precisa e que se deve a situações de experiência vivida ou de educação. 

Nas crianças pequenas sinais de ansiedade passam muitas vezes despercebidos aos pais e são desvalorizados na sua maioria podendo mesmo ser confundidos com caprichos. Os sinais de ansiedade e angústia graves são:

Receios com o futuro, medo de acidentes, irritabilidade, cólera, recusa escolar, exigência de ter um adulto por perto, de ser tranquilizada, receios a propósito de atitudes passadas (“ fiz mal…”), desvalorização, culpabilidade, palpitações, taquicardia, dores no troco e abdominais, náuseas. Estes sintomas podem aparecer em crises agudas sempre que haja uma mudança na vida da criança. 

No lactente os sintomas são: gritos e choro intenso com descargas motoras desorganizadas, hipervigilancia (rosto imóvel, silencioso, atento como se tivesse congelado), projecção da cabeça para traz ou do tronco quando o adulto tenta acalmar a criança, incapacidade de anichar-se no colo do adulto apesar dos esforços deste. Os sintomas somáticos no bebé são sobretudo anorexia (recusa em alimentar-se), cólicas intensas, e sobretudo dificuldades, por parte do bebé em encontrar um ritmo de sono regular, podendo surgir as famosas más noites que os pais falam e esperam que passe com o tempo atribuindo o facto ao mau feitio da criança. 

Tratamento – em ambas as situações, criança pequena e lactente o tratamento adequado é um trabalho psicoterapêutico (feito por um psicoterapeuta treinado) de maternagem (ajuda à mãe na interacção com o bebé), ou, se a criança for mais crescida ( 4,5,10…anos) uma psicoterapia de algum tempo para que na vida adulta a criança tenha uma qualidade vida melhor e , até, evitar problemas escolares e de integração social futuros.  Se a ansiedade não for tratada a criança será um adulto ansioso e deprimido na maioria dos casos.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Fobia escolar

A Fobia escolar afecta, cerca de 5% de crianças do jardim-de-infância, e cerca de 2% de crianças do ensino básico registando-se uma maior incidência de fobia escolar no primeiro ano lectivo da criança.

No entanto não é raro que a fobia escolar apareça no 2º ciclo, ou secundário ou até mesmo na entrada da faculdade, pois como referido estas manifestações estão muito associadas à “ansiedade face ao desconhecido” e às mudanças de ciclo escolar, são sempre algo muito significativas para a criança e /ou adolescente.


O que caracteriza uma fobia escolar?

A Fobia escolar é um medo exacerbado que a criança sente em ir para a escola.
A Fobia escolar é uma perturbação da ansiedade e tem tratamento.

Numa situação típica de fobia escolar, a criança/jovem logo de manhã acorda com queixumes de dor de barriga associado por vezes a vómitos, diarreias, dor de cabeça, com intensificação do sintoma à medida que se aproxima a hora de ir para a escola, com verbalização do tipo “…não quero ir para a escola…” ou por vezes na véspera poderá surgir a questão “…amanhã é dia de ir para a escola?” Despertando nos próprios pais alguma ansiedade na busca de melhor lidar com a situação e não deitar tudo a perder.

Na Fobia escolar da criança está, quase sempre, latente uma grande “ansiedade de separação” dos seus pais e do mundo que lhe é familiar e no qual se sente protegido.A fobia é um medo deslocado para algo que não é tão ameaçador como o  sentimento de está por detrás da fobia : a angustia de desamparo. 

Estas crianças geralmente, apresentam também, dificuldades em dormir sozinhas, medo de ir para casa de amigos, entre outras relutâncias em se distanciar das pessoas com as quais passa a maior parte do tempo.

Esta fobia escolar ou recusa ansiosa escolar é mais frequente no primeiro ano lectivo da vida da criança. Na fobia escolar, a criança fala da escola sempre com medo, negativismo e pode chorar para não ir.

Na escola, é muito comum, que a criança se afaste dos colegas, se isole, não brinque, já que se sente muito mal lá dentro.

Além da manifestação explícita de não querer ir à escola, a fobia escolar pode atingir sintomas tais como :choro frequente, suores frios ou tremores, diarreia, vómitos, medo de ficar sozinha, medo de algo abstracto, incapacidade de enfrentar o problema sozinha, perda do apetite, voltar a urinar na cama, insónias, pesadelos, entre outros.

A fobia é um problema que difere completamente de preguiça ou má vontade, e do absentismo. Os próprios pais percebem isso no comportamento da criança. Também é diferente da recusa esporádica em ir à escola, especialmente após as férias.

Geralmente, as crianças que desenvolvem essa ansiedade e medo incontroláveis são boas alunas e não perdem rendimento escolar.

Quando o problema surge é essencial que a equipa da escola saiba o que está acontecendo, pois, muitas vezes, uma figura de confiança do aluno deve acompanhá-lo e permanecer por um determinado período no ambiente escolar, até que ele desenvolva autoconfiança. Os próprios coordenadores podem, por vezes, desempenhar este papel, ao ficarem mais próximos deste aluno, encorajando-o a ponto de se sentir bem na sala de aula.

O que pode estar na origem deste tipo de fobia?
Os motivos que levam a criança a desenvolver fobia escolar podem ser vários ou uma associação deles. Entre os quais estão a predisposição biológica (genética), a mudança de escola, professor severo, conflito com colegas, o temperamento da criança, a vulnerabilidade à acção do ambiente familiar (mudança de casa, divórcio dos pais, morte de um familiar, conflitos familiares), e até mesmo a preocupação excessiva de alguns pais com a separação dos seus filhos.

Os sintomas da fobia escolar estão fortemente associados ao tipo de relação da criança com seus pais, desde o nascimento até a idade pré-escolar.

Porém, é interessante salientar que duas ou mais crianças que recebem a mesma educação, tanto escolar quanto familiar, (filhas dos mesmos pais), não significa necessariamente que todas irão desenvolver fobia escolar.

A fobia escolar também pode ter origem em agressões verbais ou físicas de que a criança foi vítima na escola ( ou seja, ser vítima de bullying).
O que podem os pais fazer para ajudar os filhos com fobia escolar?
É muito importante que os pais, não ridicularizarem ou subestimem os medos da criança, pelo contrário, devem mostrar compreensão. Pais e mães desesperados utilizam todas as estratégias para a criança abandonar o comportamento. Ora bem, dificilmente a criança irá retornar à escola se não se sentir segura. Transmitir segurança não passa de certeza por ridicularizar a criança ou dizer-lhe que ela é tola pelo comportamento que tem.

Os pais devem facilitar que a criança se afaste da escola. No momento de ir para escola os pais devem ser firmes, mas respeitar a limitação de seus filhos, pois para eles já é muito difícil estar com esta dificuldade.

É importante incentivar a criança a ir à escola, nunca obrigá-la e tentar tranquilizá-la, dizer-lhe que no fim do dia volta a estar com os pais. Por vezes os pais poderão mesmo ter de permanecer durante alguns períodos na escola para ajudar a criança a tranquilizar-se.
Manter o máximo de diálogo com a criança
Ajudar a criança a encontrar o meio de superar o obstáculo
Fazer com que os amigos sejam elementos importantes na inserção na escola.

Se os sintomas persistirem para além de dois meses, e em casos mais críticos, os pais devem encaminhar o filho para psicoterapia.O tratamento da criança com fobia escolar deve ser abrangente: é necessária a participação efectiva da escola, dos pais e do psicólogo. Essa interacção entre todos e esse envolvimento é que vão fazer com que a criança supere a fobia. 
Nestas situações é necessário uma intervenção psicoterapêutico de algum tempo, para que a criança sinta de novo confiança em si própria e nos outros e retome a sua vida normal. 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Os bébes também deprimem.

Em Portugal, entre 15 e 20 por cento dos bebés até os três anos que frequentam consultas da primeira infância sofrem de depressão, segundo dados de pedopsiquiatria dos hospitais.

Há a necessidade de os pais estarem atentos aos sinais. Os chamados «sintomas ruidosos», como a inquietude e a hiperactividade, são os mais frequentes da doença, apesar de os pais não os associarem frequentemente à possibilidade de o bebé estar deprimido. O bebé que chora muito sem motivo aparente (não tem fome, frio/calor, dores) poderá estar a dar sinais de depressão.

A depressão nos bebés é provocada por «acontecimentos negativos na sua história relacional, nomeadamente descontinuidades na relação com a mãe, rupturas, perdas, má prestação de cuidados, abandono e indisponibilidade dos prestadores de cuidados terem trocas afectivas positivas com o bebé. Mães ou cuidadores muito deprimidos não tem disponibilidade afectiva para estimular a criança e dar-lhe afecto. O bebé não deprime senão em função da depressão materna muitas vezes deprimida há longo tempo. Tudo o que a relação gera (inclusive a partir da vida uterina) tem uma preponderância essencial no comportamento dos bebés, podendo condicionar as competências inatas do bebé. A mãe interage com o seu filho se tiver competências emocionais para tal, mas, o bebé também estimula a mãe a interagir com ele (Eduardo Sá, 2003). Quando a relação já foi “mortiça” na gravidez então poderá ser mais difícil depois do nascimento. Não é invulgar ouvir mães a queixarem-se que os seus bebés choram muito, que estão desesperadas sem saber o que fazer.
Bebés deprimidos também está longe de ser um problema dos tempos modernos. Hoje os técnicos sabem mais, graças aos estudos feitos ao longo dos anos e, estão mais atentos ao problema e habilitados a reconhecer os sintomas, que podem manifestar-se de formas muito diferentes e, muitas vezes, são confundidos com outras causas e não associados à depressão.

Em situações de depressão do bebé, resta fazer um trabalho psicoterapêutico com a mãe (quase de certeza deprimida também) e com o bebé adequando aos poucos a relação maternal às necessidades do bebé. Quando trabalho não é feito, mais tarde, na infância ou na adolescência, podem surgir vários problemas derivados da depressão. São o caso das crianças distraídas, hiperactivas (sem lesão neurológica) agressivas, predispostas a acidentes, com fracos resultados escolares, e dos adolescentes que cedo começam a consumir drogas e enveredam por uma vida de delinquência. A consulta de psicologia do bebé faz, assim, todo o sentido. Se o seu filho apresenta sinais de desconforto e inquietude, não dorme, mama mal ou rejeita o biberão, chora muito, poderá estar deprimido.