quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Problemas emocionais nas crianças vs dificuldades de aprendizagem


Os comportamentos e as perturbações que acompanham o insucesso escolar são tão diversos e múltiplos que a procura do seu sentido nunca é fácil. Contudo, quando esse insucesso é profundo, quando se mostra resistências às ajudas personalizadas, temos a impressão de voltar sempre à mesma razão, que não podemos dizer única, mas sim essencial: algumas crianças perante a situação de aprendizagem, na escola, vêem despertar medos e emoções que as destabilizam. Estas crianças organizaram-se psiquicamente face às condições de vida em que se deu o seu desenvolvimento, e essa organização pessoal cheia de carências ao nível afectivo, ou fruto da vida fantasmática (fantasias da criança), não é compatível com o processo de aprendizagem.


Pais, professores e educadores, ficam sem saber o que fazer, perante as dificuldades que por vezes surgem no decorrer do processo de aprendizagem escolar das crianças. Cada vez mais essas dificuldades surgem em idades muito precoces. Sucedem-se os pedidos de avaliação psicológica, oriundos de diversos técnicos. Mas, alguns testes apenas tem por função avaliarem os componentes cognitivos e funcionamento geral da criança. Fica-se com uma informação que em pouco ajuda e que apenas pode servir para desresponsabilizar os adultos envolvidos, ao ponto de se poder dizer “ afinal há um problema!”. No entanto o que os testes nos dizem é precisamente o contrario. Ao nível cognitivo está tudo bem. A parte emocional não.

Na maioria dos casos não são as falhas do ponto de vista cognitivo, mas sim a ausência de um bem-estar emocional que cria a indisponibilidade interior para manter vivo o desejo de conhecer e o prazer de aprender.

Estas crianças estão preocupadas com outras coisas, cheias de outras coisas, coisas que perturbam, podemos dizer, logo não existe espaço para mais nada, e o conteúdo das aprendizagens pode por vezes despertar emoções difíceis de viver.


Nestes casos, e sempre que os professores ou pais verifiquem que a criança não está bem emocionalmente, poderão recomendar que consultem alguém da especialidade.

Poderão começar pela consulta de psicologia clínica onde será feita uma avaliação cognitiva e emocional para que se conclua se é necessário uma psicoterapia. Quase sempre é. Se for necessária intervenção de pedopsiquiatria será aconselhado pela psicoterapeuta que os pais o façam. Poderá ser necessária uma intervenção multidisciplinar.

No entanto um bom trabalho com a família e a criança, quando a família está receptiva, é suficiente para desbloquear o problema emocional. Quanto mais o problema se arrasta no tempo, mas difícil será inverter a situação.Culpabilizar os pais e a escola não é solução, em nada ajuda a criança.


Estas crianças apresentam muitas vezes uma irrequietude constante, não raras vezes confundida com a hiperactividade, tristeza, apatia, agressividade verbal e física entre outros sintomas. Uma criança com problemas é reflexo do seu meio ambiente. Influencia e é influenciada. Senão houver uma intervenção especializada no contexto, o problema arrasta-se, podendo agravar uma situação que pode ter uma resolução rápida.

Aos pais recomendo que fiquem alertas sempre que algum técnico sugira que a criança é hiperactiva, tem qualquer doença do espectro do autismo, síndrome de Asperger (muito em moda) dislexia, e peçam uma segunda opinião. Está na moda, fruto da criação de alguns centros de desenvolvimento infantil, atribuírem rótulos deste tipo a todas as crianças.

Procure ajuda para o seu filho e para si.