Quando eu partir (in "When I am gone"

 

Quando eu partir não temas a minha memória.

Não tenhas medo de dizer o meu nome ou olhar para fotografias antigas.

Não tenhas medo de reproduzir videos antigos pra que possas ouvir a minha voz e ver-me rir.

Não tenhas cuidados para não visitar os meus lugares favoritos ou comer as minhas comidas favoritas, ou cantar quando ouvires as minhas canções favoritas.

Eu sei que vao doer. Essas memórias vão lembrar-te que eu me fui embora. 

Elas, as memórias, vão apunhalar-te como uma faca numa ferida aberta, que sangra. Dor crua e dolorosa. Mas, depois de um tempo a faca ficará menos afiada, a ferida menos aberta, e a dor menos dolorosa.

E essas memórias vão lembrar-te que eu estive aqui.

Que eu vivi.

Não reduzem a minha vida, à minha morte. 

Fala o meu nome, ouve a minha voz, canta as minhas canções favoritas e visita os meus lugares favoritos.

Porque é assim que eu posso permanecer vivo mais um pouco.

Bem aqui contigo.

(autor desconhecido)

Para alguém que amava o universo, a familia e a vida. 

Cem Anos de Perdão "João Tordo"

João Tordo

 Na pequena e remota ilha de St Dismas, ao largo da Inglaterra, um crime violentíssimo entre irmãos choca a comunidade, trazendo à superfície o mal-estar entre os ilhéus e os Filhos de Dismas, uma seita religiosa que perdura há séculos. A Polícia local vê-se a braços com um caso que parece impossível de resolver, com a investigação travada pelo obscuro fanatismo dos crentes.

Max Loar, o homicida confesso, acaba na prisão de Brixton, enquanto ondas de choque repercutem na imprensa do Reino Unido perante a brutalidade do crime. É na cadeia que conhece Cícero, que está preso por homicídio. Apesar dos esforços de Cícero para compreender o rapaz, as coisas acabam mal. Pouco depois, recebe a visita de Pilar Benamor, a jovem ex-subcomissária da PSP que, desde a violenta resolução do caso Drexler em Águas Passadas, desapareceu do mundo. no reencontro com o velho amigo, Pilar recebe a resposta aos seus sonhos premonitórios e não resiste a mergulhar de cabeça na história dos irmãos Loar.

Rumando à ilha — um lugar enigmático, pleno de forças malignas —, Pilar une forças com o sargento Noah contra o inquietante padre Prudence, que lidera os dismáticos, numa investigação aos meandros do fanatismo, do poder e das pulsões mais sombrias do ser humano.

Opinião

Este livro foi a minha estreia com este autor. Confesso que o estilo de escrita e até a pontuação utilizada - muito ao estilo inglês- dificultou ao inicio, a leitura, mas, assim que mergulhei no livro, deixou de me incomodar. Quanto ao argumento, fiquei surpreendida com a densidade dos personagens - tão humanos e tão banais ao mesmo tempo -, e com as descrições do ambiente. Como já disse várias vezes, adoro thrillers e comecei a minhas leituras no género ainda adolescente. Este livro tira-nos o " sossego", tem essa capacidade, e não nos sai da mente. Poderia dizer muita coisa acerca da estória, mas prefiro ficar pelas impressões que ainda estão muito presentes. O tema da "religião" está muito bem abordado e enquadrado e deixa-nos a pensar onde começa e termina a fé. Que fé? Foi lido numa fase muito complicada da minha vida pessoal, talvez a pior que passei até hoje e ajudou-me a desviar a mente da realidade. 

Recomendo vivamente!